Na última quinta-feira (27), a Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa), por meio da Unidade de Atendimento Socioeducativo (UASE 2), localizada em Ananindeua, promoveu o evento “Amores de Carnaval”, um espetáculo teatral que visa ressignificar as relações familiares dos socioeducandos. A peça, adaptada da obra Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes, propôs uma reflexão sobre o amor que adoece, seja por exagero, culpa ou omissão.

O evento, com o tema “Quem Ama Demais: Entre o Afeto, os Limites e a Responsabilidade”, contou com a presença da gestora da unidade, Maria de Jesus Teixeira, equipe técnica, socioeducadores, socioeducandos e seus familiares.
Importância da participação familiar no processo socioeducativo
A participação das famílias dos jovens privados de liberdade é crucial para fortalecer a cultura e criar estratégias educativas eficazes. O evento, realizado em formato de teatro-fórum, promoveu um espaço de diálogo e reflexão sobre o papel das famílias no desenvolvimento dos adolescentes. Além disso, ofereceu uma oportunidade para reconstruir laços afetivos e democratizar o acesso à cultura, por meio de um ambiente acolhedor de escuta e troca de experiências.
Georgete Costa, psicóloga da UASE 2, destacou a relevância da atividade para o processo socioeducativo, ressaltando que, além de incentivar o acesso à arte e despertar a criatividade, a iniciativa promove a integração e fortalece os laços familiares. “Com a presença das famílias dos adolescentes, a participação dos servidores e professores, conseguimos alcançar o êxito esperado. Durante a ação, envolvemos todos os participantes, desde a oficina para produção de acessórios e figurinos até a produção musical, cenários e apresentação. Tudo isso foi realizado na quadra esportiva da unidade, em um ambiente seguro, garantido por toda a equipe, com respeito e tranquilidade”, afirmou Georgete.
Muitas famílias enfrentam o dilema de apoiar os socioeducandos enquanto os preparam para conquistar a autonomia. O evento abordou questões relacionadas aos relacionamentos interpessoais, discutindo temas como amadurecimento e responsabilidade afetiva, com a mediação dos atores jovens em medidas socioeducativas.
Teatro-Fórum: A arte como ferramenta socioeducativa
O Teatro do Oprimido, conhecido popularmente como teatro-fórum, foi a metodologia escolhida para esse evento. Esse modelo teatral visa quebrar as barreiras entre atores e espectadores, promovendo a interação e abordando questões sociais e pedagógicas por meio das artes cênicas.
O servidor arte-educador e diretor do Teatro Fórum, João Paulo Costa, explicou o processo criativo do evento. “Pensamos em trabalhar a obra Orfeu da Conceição, adaptando-a para a realidade do tema sugerido no encontro de famílias. Durante os ensaios, tivemos a construção de personagens, elaboração de figurinos e a realização de exercícios teatrais com o apoio dos socioeducandos. Contamos também com o suporte de professores de música do Centro Cultural e Esportivo da Fasepa (Apoena), que utilizaram composições dos adolescentes para criar marchinhas, compondo a sonoplastia da obra. A música foi fundamental para a ambientação emocionante da peça”, destacou João Paulo.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a arte desempenha um papel importante no processo educativo. O Art. 58 reforça que o processo educacional deve considerar a criatividade e o acesso às fontes de cultura como elementos fundamentais no desenvolvimento de jovens privados de liberdade.
Texto: Dani Valente (Ascom Fasepa)
Foto: Divulgação
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