Começo este texto fazendo uma reflexão sobre o papel do socioeducador, enquanto servidores que somos da socioeducação.
Nosso papel, segundo o reconhecidíssimo Antônio Carlos Gomes da Costa, é que todos possam contribuir para o crescimento pessoal, social e integral do socioeducando.
Para ele, somos tempo, presença, experiência e exemplo. Assim como é essencial respeitar, é essencial garantir os direitos fundamentais do adolescente com aceitação e compreensão.
Não devemos esquecer que, quando falamos de direitos dos adolescentes, estamos falando de todos eles, inclusive os de nossa família e da sociedade em geral, sem distinção.
A única diferença é que alguns não cometeram uma grave infração.
O nosso trabalho, o serviço, é o mesmo, distribuído por setores, cada um com sua função.
Uns não se identificam tanto, outros têm maior identificação.
Por isso, algumas atitudes nos põem à prova: “tem gente que não descruza os braços, não parte para a ação”, aguardando mudanças estruturais que, sabe-se lá, se virão.
Como seres humanos falhos que somos, temos, por vezes, sim, dificuldades em aceitar correções ou algo que contrarie nossa opinião.
Segundo o escritor Rubem Alves:
“nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais
constante e sutil da nossa arrogância e vaidade. No
fundo, somos os mais bonitos.”
E, prosseguindo com frases prontas e com um velho ditado: a gente nem é filho de coruja, que jamais vê feiura no seu filho feiozão.
É a vida que segue dentro das unidades, em nossas rotinas como diaristas ou quem está de plantão. São vidas que conduzimos, independentemente de seu ato ou infração.
Não penso, e ninguém deve pensar, que eles são coitadinhos. Alguns de nós até comentam, quando temos mais afeição por alguns, que eles não livrariam nossa cara na hora de uma infração.
Não cabe a nós decretar condenação ou fazer justiça com as próprias mãos. Eles já estão julgados pelos órgãos competentes, a gente concordando ou não. São sujeitos de direitos como qualquer cidadão.
O que carecemos mesmo é do trabalho conjunto, onde todos nos tratemos como iguais, independentemente de setor, cargo ou graduação.
Quem foi que falou que um técnico ou um gestor não pode sentar-se à mesa com um socioeducando na hora da refeição ou participar de atividades de recreação e escolarização?
Ou que um monitor/socioeducador não pode conversar sobre assuntos importantes que o levem à reflexão?
E que os socioeducadores de outros setores não possam sair dos “seus territórios” e também dar sua contribuição?
E toda contribuição deve ser para o bem e o senso comum da comunidade socioeducativa, para que não haja questionamentos de quem tem a maior função.
Mas isso não quer dizer que não haverá conflitos. Não!
Isso acontece nas “melhores famílias” e nós não fugiríamos à regra na socioeducação.
Este é meu desejo e desejaria que todos também tivessem esse desejo, sem exclusão e sem exceção.
Que a gente, enquanto servidores e educadores, possamos levar nossa rotina com mais leveza, menos dedos apontados e mais mãos dadas nos bons e maus momentos.
E que, além da responsabilidade e do comprometimento com a causa, nunca nos falte:
“O DOCE SABOR DA EMPATIA E DA COMPAIXÃO,
QUE MORA NA RAZÃO E NO CORAÇÃO.”
Autora: Rejane Lima de Oliveira
Cargo: Monitor- Agente Socioeducativo
Lotação: CAS I
Tempo de Atuação na FASEPA: 30 anos