Os adolescentes e jovens da Fundação de atendimento socioeducativo do Pará (FASEPA), vinculados a Escola Estadual Antônio Carlos Gomes da Costa, da Secretaria de Educação do Pará (SEDUC), participaram durante o mês de novembro do projeto “Africanize-se”.

O projeto tem como objetivo promover a valorização da cultura africana e o seu reconhecimento no Brasil, reforçando que a sociedade brasileira é formada por pessoas que pertencem a grupos étnicos distintos e que possuem cultura e história própria, favorecendo a valorização da história dos africanos e construindo uma educação para igualdade étnico-racial. Com a implantação do projeto os professores da Seduc e equipe das unidades socioeducativas, avaliaram que foi possível alcançar resultados satisfatórios em sala de aula, e durante o dia a dia do atendimento socioeducação, onde os socioeducandos interagiram e se muniram de conhecimentos em relação ao tema.

A programação contou com a participação do africano, Isidoro Fernando Dias, e do Dr. Nadilson Portilho Gomes, Promotor da 1ª e 2ª Vara da Infância e Juventude, além da Ouvidora da Defensoria Pública do Pará, Norma Miranda Barbosa, que ministraram a palestra com o tema, “Racismo Estrutural: Como ocorre e como combatê-lo?”.
Durante uma das atividades, um jovem de 17 anos, lotado no Centro de Internação de Adolescente Masculino (Ciam/Sideral), relatou que para ele o aprendizado foi significativo, pois no momento da realização da dinâmica se emocionou ao ler palavras de racismo como: preto fede, preto não é gente, macaco feio, pobre, miserável, safado, horrível, escravo, sem futuro, colocadas por Isidoro Fernando Dias durante a oficina. O jovem disse também, “Eu nunca tive e nem teria coragem de falar dessa forma pra ninguém, somos todos iguais, e devemos respeitar as pessoas, independente de cor. Irei levar o que aprendi aqui, para o resto da vida”.

Segundo a defensora, Norma Barbosa, “É muito importante o diálogo que tivemos com os educadores, técnicos e com os adolescentes da socioeducação. Trabalhar o racismo, nas suas múltiplas dimensões é fundamental, principalmente em um espaço que acolhe adolescentes em conflito com a lei, e que muitos deles são vítimas de situação de violação de direitos”, disse a defensora.

A temática abordou liberdade, direitos humanos, protagonismo negro e racismo, e com as interações e trocas de experiências, foi permitido estabelecer momentos únicos de reflexão sobre o tema construindo dessa forma uma mudança de concepção na socioeducação. Para o promotor, Nadilson Gomes, “todos esses assuntos que são capazes de provocar uma reflexão e possibilitar um resgate do convívio social e de enfrentamento do preconceito e descriminação social, eles são relevantes nesse processo, onde cada jovem acaba se despertando para o seu pertencimento como individuo fundamental na sociedade”, destacou.
Ao longo do mês, muitas atividades foram desenvolvidas para uma maior compreensão e reflexão do tema. Segundo a gestora do Ciam Sideral Lilian Mello, “Foi muito importante à realização do projeto Africanize-se para toda a comunidade socioeducativa. A Seduc, por meio da Escola Estadual Antônio Carlos Gomes da Costa, atende as diretrizes da Lei n° 9.394/1996 que trata da obrigatoriedade de trabalhar a temática da cultura afro-brasileira na rede pública de ensino, possibilitando que os participantes tenham uma perspectiva de pertencimento e valorização de nossa história cultural, através dos trabalhos desenvolvidos pelos professores ao longo do mês de novembro”.

A coordenadora técnica da Seduc, Ana Célia Melo avaliou o momento como muito positivo, fortalecendo a ação com uma frase “por fora nós podemos ser diferentes, mas por dentro somos todos iguais”.
O projeto “Africanize-se” tem sido desenvolvido ao longo do mês de novembro, nas unidades de atendimento socioeducativo de madidas de internação provisória, internação e semiliberdade da Fasepa.

Texto: Dani Valente/Ascom Fasepa

Fotos: Divulgação

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